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segunda-feira, 30 de novembro de 2015
quarta-feira, 25 de novembro de 2015
O Homem Foi Sempre Mau,,Camilo Castelo Branco
O homem foi sempre mau; será mau até ao fim. A sociedade parece melhor do que foi, olhada colectivamente: é parte nisto a lei, e, grande parte o cálculo. Cada indivíduo se constrange e enfreia no pacto social para auferir as vantagens de o não romper; porém, o instinto de cada homem, em comunidade de homens, está de contínuo repuxando para a desorganização. Eu aceito, como puros, os corações formados na solidão, a não se dar a segunda hipótese do provérbio, que disse: homem sozinho, das duas uma: ou Deus ou bruto.
Camilo Castelo Branco, in 'O Bem e o Mal (1863)'
Camilo Castelo Branco, in 'O Bem e o Mal (1863)'
terça-feira, 24 de novembro de 2015
A Estupidez e a Maldade Humana....
Vista à distância, a humanidade é uma coisa muito bonita, com uma larga e suculenta história, muita literatura, muita arte, filosofias e religiões em barda, para todos os apetites, ciência que é um regalo, desenvolvimento que não se sabe aonde vai parar, enfim, o Criador tem todas as razões para estar satisfeito e orgulhoso da imaginação de que a si mesmo se dotou. Qualquer observador imparcial reconheceria que nenhum deus de outra galáxia teria feito melhor. Porém, se a olharmos de perto, a humanidade (tu, ele, nós, vós, eles, eu) é, com perdão da grosseira palavra, uma merda. Sim, estou a pensar nos mortos do Ruanda, de Angola, da Bósnia, do Curdistão, do Sudão, do Brasil, de toda a parte, montanhas de mortos, mortos de fome, mortos de miséria, mortos fuzilados, degolados, queimados, estraçalhados, mortos, mortos, mortos. Quantos milhões de pessoas terão acabado assim neste maldito século que está prestes a acabar? (Digo maldito, e foi nele que nasci e vivo...) Por favor, alguém que me faça estas contas, dêem-me um número que sirva para medir, só aproximadamente, bem o sei, a estupidez e a maldade humana. E, já que estão com a mão na calculadora, não se esqueçam de incluir na contagem um homem de 27 anos, de profissão jogador de futebol, chamado Andrés Escobar, colombiano, assassinado a tiro e a sangue-frio, na célebre cidade de Medellín, por ter metido um golo na sua própria baliza durante um jogo do campeonato do mundo... Sem dúvida, tinha razão o Álvaro de Campos: «Não me venham com conclusões! A única conclusão é morrer». Sem dúvida, mas não desta maneira.
José Saramago, in 'Cadernos de Lanzarote (1994)'
O OLP -OBSERVATÓRIO DE LÍNGUA PORTUGUESA- APRESENTA E PROMOVE A BIBLIOTECA DE LIVROS DIGITAIS
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
..O Mundo é de Quem não Sente...
O mundo é de quem não sente. A condição essencial para se ser um homem prático é a ausência de sensibilidade. A qualidade principal na prática da vida é aquela qualidade que conduz à acção, isto é, a vontade. Ora há duas coisas que estorvam a acção - a sensibilidade e o pensamento analítico, que não é, afinal, mais que o pensamento com sensibilidade. Toda a acção é, por sua natureza, a projecção da personalidade sobre o mundo externo, e como o mundo externo é em grande e principal parte composto por entes humanos, segue que essa projecção da personalidade é essencialmente o atravessarmo-nos no caminho alhieo, o estorvar, ferir e esmagar os outros, conforme o nosso modo de agir.
Para agir é, pois, preciso que nos não figuremos com facilidade as personalidades alheias, as suas dores e alegrias. Quem simpatiza pára. O homem de acção considera o mundo externo como composto exclusivamente de matéria inerte - ou inerte em si mesma, como uma pedra sobre que passa ou que afasta do caminho; ou inerte como um ente humano que, porque não lhe pôde resistir, tanto faz que fosse homem como pedra, pois, como à pedra, ou se afastou ou se passou por cima.
Fernando Pessoa, in 'O Livro do Desassossego'
Para agir é, pois, preciso que nos não figuremos com facilidade as personalidades alheias, as suas dores e alegrias. Quem simpatiza pára. O homem de acção considera o mundo externo como composto exclusivamente de matéria inerte - ou inerte em si mesma, como uma pedra sobre que passa ou que afasta do caminho; ou inerte como um ente humano que, porque não lhe pôde resistir, tanto faz que fosse homem como pedra, pois, como à pedra, ou se afastou ou se passou por cima.
Fernando Pessoa, in 'O Livro do Desassossego'
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
O Pior Medo é o Medo de Nós Próprios...
José Luís Peixoto,
sexta-feira, 13 de novembro de 2015
quarta-feira, 11 de novembro de 2015
Momento de poesia...Voz de Outono de Antero de Quental
Ouve tu, meu cansado coração,
O que te diz a voz da Natureza:
— «Mais te valera, nú e sem defesa,
Ter nascido em aspérrima solidão,
Ter gemido, ainda infante, sobre o chão
Frio e cruel da mais cruel
deveza, Do que embalar-te a Fada da Beleza,
Como embalou, no berço da Ilusão!
Mais valera à tua alma visionária
Silenciosa e triste ter passado
Por entre o mundo hostil e a turba vária,
(Sem ver uma só flor, das mil, que amaste)
Com ódio e raiva e dor... que ter sonhado
Os sonhos ideais que tu sonhaste!» —
Antero de Quental, in "Sonetos"
terça-feira, 10 de novembro de 2015
Quadra e advinhas do S.Martinho..
QUADRAS
Ó meu rico S. Martinho,
Gosto muito das tuas castanhinhas
Adoro-as muito
De preferência bem quentinhas.
Catarina
Araújo, 5º 1
O S. Martinho é solidário,
Partilhou a sua capa com o mendigo,
Comeu castanhas quentinhas
E ganhou um novo amigo.
Prof.ª
Rosa Dias
Sei bem o que vou dizer:
No dia de S. Martinho
Há sempre festa a valer
Com castanhas e bom vinho.
Dª Cristina
Coutinho
O verão de S. Martinho
Chega sempre à hora certa
Traz castanhas e bom vinho
Da pipa que fica aberta.
Luísa
Faria, 5º 2
No dia de S. Martinho,
Os ouriços abrem
Comemos castanhas
Que bem que sabem.
Tatiana
Pereira, 5º2
O S. Martinho chegou
Com castanhas bem quentinhas
Saltou a fogueira
Com as amiguinhas
Beatriz
Silva, 5º 1
Quando o frio chega
Assam-se as castanhas no quentinho
Abre-se a pipa na adega
É tempo de provar o vinho
Prof.
António Paulo Gonçalves
On célèbre au Portugal
La fête de Saint Martin
On mange des châtaignes
Et on boit du bon vin.
Luísa
Faria, 5º 2 e profª Rosa Dias
Les adultes et les enfants
Trouvent la fête une merveille
On joue, on mange, on rigole
Et normalement brille le soleil.
Luísa
Faria, 5º 2 e profª Rosa Dias
C’est une fête chouette
Où la châtaigne est reine
On saute les feux de Saint Martin
Le vin coule à la fontaine.
Luísa
Faria, 5º 2 e profª Rosa Dias
ADIVINHAS
1
Tenho camisa e casaco
Sem remendo nem buraco
Estoiro como um foguete
Se alguém no lume me mete
2
Se me rio… de mim sai uma donzela
Mais donzela do que eu
Ela vai com quem a leva
Eu fico com quem me deu
3
Qual a coisa qual e ela
Tem três capas de Inverno
A segunda é lustrosa
A terceira é amargosa
4
Tem casca bem guardada
Ninguém lhe pode mexer
Sozinha ou acompanhada
Em Novembro nos vem ver
Soluções:
1- Castanha
2- Ouriço
3- Castanha
4- Castanha
sexta-feira, 6 de novembro de 2015
Texto da semana...O Ideal é a Vida..
A nossa vida sem ideais nenhuns, toda quotidiana, quer no presente quer pelo pensamento do futuro. Perdendo a religião, nada reavemos para a substituir; nem arte, porque a arte é, como religião, para muito poucos; nem ciência, que é para menos ainda, nem filosofia, que é para quase nenhuns.
Não me refiro à conducta mas a ideais. Uma sociedade nunca pode ser grande nem pura sem ideais, porque na moral que nasce, na moral para uso quotidiano e de quotidiana origem, caberá uma certa decência, uma honestidade, razoáveis instintos humanitários, mas não uma nobreza de qualquer espécie, não uma grandeza de carácter. E o ponto importante é este. O ideal é a vida; vamos perdendo o ideal, e a nossa vitalidade vai diminuindo tristemente.
Fernando Pessoa, 'Inéditos'
Não me refiro à conducta mas a ideais. Uma sociedade nunca pode ser grande nem pura sem ideais, porque na moral que nasce, na moral para uso quotidiano e de quotidiana origem, caberá uma certa decência, uma honestidade, razoáveis instintos humanitários, mas não uma nobreza de qualquer espécie, não uma grandeza de carácter. E o ponto importante é este. O ideal é a vida; vamos perdendo o ideal, e a nossa vitalidade vai diminuindo tristemente.
Fernando Pessoa, 'Inéditos'
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