sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Concurso Nacional de Leitura (Fase escolar)

Está a decorrer a Fase Escolar do Concurso Nacional de Leitura (14º edição)

Poderás encontrar aqui o regulamento que estabelece as regras gerais da Fase Escolar do Concurso Nacional de Leitura, a realizar na Biblioteca Escolar, no próximo dia 14 no seguinte horário:
  •     Alunos do 1º Ciclo às 11.00h
  •     Alunos do 2º Ciclo às 10.05h
  •     Alunos do 3º Ciclo às 15.15h


O objetivo central do Concurso Nacional de Leitura é estimular o gosto e os hábitos de leitura e melhorar a compreensão leitora.

O concurso pretende avaliar a leitura das seguintes obras:

  • 1º Ciclo – O Segredo da Lagarta Serafina, de Palmira Martins
  • 2º Ciclo – Uma palmada na Testa, de Maria Alberta Menéres
  • 3º Ciclo – Missão Impossível, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada

Boas leituras!

Uma leitura especial nesta quadra de Natal

Nas aulas de Português da professora Isabel Gouveia, os alunos foram desafiados a ler um livro sobre a solidariedade e apresentá-lo aos colegas. Eis o trabalho da Maria João.

Muitos parabéns!


quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Depois da tempestade a bonança..


 

Músicas de natal...


 

Texto da semana...O que verdadeiramente nos mata, o que torna esta conjuntura inquietadora, cheia de angústia, estrelada de luzes negras, quase lutuosa, é a desconfiança...

 




O que verdadeiramente nos mata, o que torna esta conjuntura inquietadora, cheia de angústia, estrelada de luzes negras, quase lutuosa, é a desconfiança. O povo, simples e bom, não confia nos homens que hoje tão espectaculosamente estão meneando a púrpura de ministros; os ministros não confiam no parlamento, apesar de o trazerem amaciado, acalentado com todas as doces cantigas de empregos, rendosas conezias, pingues sinecuras; os eleitores não confiam nos seus mandatários, porque lhes bradam em vão: «Sede honrados», e vêem-nos apesar disso adormecidos no seio ministerial; os homens da oposição não confiam uns nos outros e vão para o ataque, deitando uns aos outros, combatentes amigos, um turvo olhar de ameaça. Esta desconfiança perpétua leva à confusão e à indiferença. O estado de expectativa e de demora cansa os espíritos. Não se pressentem soluções nem resultados definitivos: grandes torneios de palavras, discussões aparatosas e sonoras; o país, vendo os mesmos homens pisarem o solo político, os mesmos ameaços de fisco, a mesma gradativa decadência. A política, sem actos, sem factos, sem resultados, é estéril e adormecedora.

 

Quando numa crise se protraem as discussões, as análises reflectidas, as lentas cogitações, o povo não tem garantias de melhoramento nem o país esperanças de salvação. Nós não somos impacientes. Sabemos que o nosso estado financeiro não se resolve em bem da pátria no espaço de quarenta horas. Sabemos que um deficit arreigado, inoculado, que é um vício nacional, que foi criado em muitos anos, só em muitos anos será destruído.

 

O que nos magoa é ver que só há energia e actividade para aqueles actos que nos vão empobrecer e aniquilar; que só há repouso, moleza, sono beatífico, para aquelas medidas fecundas que podiam vir adoçar a aspereza do caminho.

Trata-se de votar impostos? Todo o mundo se agita, os governos preparam relatórios longos, eruditos e de aprimorada forma; os seus áulicos afiam a lâmina reluzente da sua argumentação para cortar os obstáculos eriçados: as maiorias dispõem-se em concílios para jurar a uniformidade servil do voto. Trata-se dum projecto de reforma económica, duma despesa a eliminar, dum bom melhoramento a consolidar? Começam as discussões, crescendo em sonoridade e em lentidão, começam as argumentações arrastadas, frouxas, que se estendem por meses, que se prendem a todo o incidente e a toda a sorte de explicação frívola, e duram assim uma eternidade ministerial, imensas e diáfanas.

 

O país, que tem visto mil vezes a repetição desta dolorosa comédia, está cansado: o poder anda num certo grupo de homens privilegiados, que investiram aquele sacerdócio e que a ninguém mais cedem as insígnias e o segredo dos oráculos. Repetimos as palavras que há pouco Ricasoli dizia no parlamento italiano: «A pátria está fatigada de discussões estéreis, da fraqueza dos governos, da perpétua mudança de pessoas e de programas novos.»

 

Eça de Queirós, in ‘Distrito de Évora’


sexta-feira, 4 de dezembro de 2020