Os jovens de agora parece que têm dificuldade em crescer. Não sei porquê.
Se calhar as pessoas só crescem ao ritmo a que são obrigadas. Um primo meu, com
dezoito anos, já tinha as insignías de auxiliar do xerife. Era casado e tinha
um filho. Tive um amigo de infância que, com a mesma idade, já tinha sido
ordenado sacerdote baptista. Era pastor de uma igrejinha rural, muito antiga.
Ao fim de uns três anos foi transferido para Lubbock e, quando disse às pessoas
que se ia embora, elas desataram todas a chorar, ali sentadas no banco da
igraja. Homens e mulheres, todos em lágrimas. Tinha celebrado casamento,
baptizados, funerais. Com vinte e um anos, talvez vinte e dois. Quando pregava
os seus sermões, a assistência era tanta que havia gente de pé no adro a ouvir.
Fiquei espantado. Na escola ele era sempre tão calado.
(...) A Loretta contou-me que ouviu falar na rádio de uma certa percentagem
de crianças deste país que está a ser criada pelos avós. Já não me lembro do
número. Era bastante alto, pareceu-me. Os pais não querem ter esse trabalho.
Conversámos sobre isso. Demos connosco a pensar que quando a próxima geração
crescer e também já não quiser criar os filhos, quem é que vai tomar essa
tarefa a seu cargo? Os pais deles vão ser os únicos avós disponíveis e nem os
próprios filhos quiseram criar. Não encontrámos resposta para isto.
Cormac McCarthy, in 'Este País Não É para Velhos'
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