O teu espaço de aprendizagem e leituras onde encontras tudo o que procuras
segunda-feira, 28 de novembro de 2022
Vem aí o natal... oh oh oh...Natalmente Crónica -José Saramago..
Vai o ano correndo manso entre noites e dias, entre nuvens e sol, e quando mal nos precatamos, chegámos ao fim, e é natal. Para incréus empedernidos como eu sou, o caso não tem assim tanta importância: é mais uma das trezentas mil datas assinaladas de que se servem inteligentemente as religiões para aferventar crenças que no passar do tempo se tornariam letra morta e água chilra. Mas o natal (tal como as primeiras andorinhas, o carnaval, o começo das aulas, e outras efemérides do estilo) está sempre à coca da atenção ou da penúria do cronista, para que se repitam, Pela bilionésima vez na história da imprensa, as banalidades da ocasião: a paz na terra, os homens de boa vontade, a família, o bolo-rei, a mensagem evangélica, o ramo de azevinho, o Menino Jesus nas palhinhas, etc., etc. E o cronista, que no fundo é um Pobre diabo a quem às vezes falta o assunto, não resiste à conspiração sentimental da quadra, e bota a fala de circunstância...
Ora nós estamos no natal. Não me deixe o leitor cá fora,
porque o frio aperta e a maldade das gentes ainda é pior do que o frio, a chuva
gelada ou a lama. (A maldade das gentes, tome bem nota o leitor no seu caderno,
é pior do que a lama.) Fico pois aqui sentado, ao canto da mesa, e sou uma
testemunha sorridente das suas alegrias, se está nessa maré, ou tento
compreender as suas tristezas, se a roda corre contra si. E podemos recordar os
casos que lhe contei no desfiar dos dias, dir-lhe-ei o mais que então não pude
dizer, e, sobretudo, ficarei calado a ouvi-lo falar da sua própria vida, que,
como a Nau Catrineta, também tem muito que contar. Saberei que malhas e nós
tecem uma existência que não é a minha, esta que aqui ando a contar, e uma vez
mais descobrirei, sempre com o mesmo espanto, que todas as vidas são
extraordinárias, que todas são uma bela e terrível história. Ficaremos calados e
pensativos, a ouvir o relógio que vai matando os segundos à nascença para que
nós possamos dizer o tempo que vivemos.
Talvez daqui a um ano nos voltemos a encontrar neste mesmo sítio. Tornarei a
dizer: «Vai o ano correndo manso entre noites e dias, entre nuvens e sol, e
quando mal nos precatamos, chegámos ao fim, e é natal.» Para que tenha
justificação o meu título de hoje. Para que a crónica de natal seja natalmente
crónica. Mas não desta maneira.
José Saramago, in 'A Bagagem do Viajante'
Concurso nacional de leitura -16 edição regulamento - para consulta
quarta-feira, 23 de novembro de 2022
segunda-feira, 21 de novembro de 2022
Memórias da História..
2-Estação de caminhos de ferro de Famalicão inícios do século XX
3- Vindimas no Minho Lemenhe
Sugestão de cinema...Enola Holmes 2
Texto da semana..Primeira Vez..
Há algum tempo fiz o projeto de contar as minhas primeiras vezes. Fiz uma lista de certo número de entre elas: a primeira vez que vi o mar, a primeira vez que fiz uma viagem de avião, a primeira vez que me embebedei, a primeira vez que me apaixonei, a primeira vez que fiz amor. O exercício foi tão árduo como vão. Por outro lado, como podia ser de outro modo? Olhamos as primeiras vezes com uma indulgência excessiva. Assentam por natureza na inexperiência, são rapidamente engolidas por todas as vezes que se lhes seguiram, não tiveram tempo de assumir uma forma autónoma própria. E contudo reevocamo-las com simpatia, com saudade, atribuindo-lhes a potência do irrepetível.
segunda-feira, 14 de novembro de 2022
Livro da semana.. A Fábrica de cretinos digitais..
RESUMO do livro:«Alerta: juventude em perigo!»
Estamos a viver uma situação muitíssimo preocupante. O autor deste livro afirmou, numa entrevista à BBC que se tornou viral, que os nativos digitais são os primeiros filhos a terem um QI inferior ao dos pais. Após milhares de anos de evolução, o ser humano está agora a regredir em termos cognitivos e de capacidades intelectuais — por culpa da exposição excessiva a ecrãs.
O tempo que as novas gerações passam a interagir com smartphones, tablets, computadores e televisão é elevadíssimo. Aos 2 anos, as crianças dos países ocidentais consagram todos os dias quase três horas a ecrãs. Entre os 8 e os 12 anos, esse tempo aumenta para cerca de quatro horas e quarenta e cinco minutos. Entre os 13 e os 18, a exposição é em média de seis horas e quarenta e cinco minutos diários. Em termos anuais, são cerca de mil horas para um aluno do 1.º ciclo do ensino básico (quase o mesmo número de horas de um ano escolar) e 1700 para um do 2.º ciclo. Já para um aluno do 3.º ciclo e do ensino secundário, falamos de 2400 horas anuais, o equivalente a um ano e meio de trabalho a tempo inteiro.
Ao contrário do que se pensava, a profusão de ecrãs a que os nossos filhos estão expostos está longe de lhes melhorar as aptidões.
Na verdade, verifica-se precisamente o oposto: acarreta consequências pesadas ao nível da saúde (obesidade, desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diminuição da esperança de vida), em termos de comportamento (agressividade, depressão, ansiedade) e no campo das capacidades intelectuais (linguagem, concentração e memorização).
Tudo isto afeta gravemente o rendimento escolar dos jovens e o seu desenvolvimento.
Nesta obra tão pertinente como inquietante, que venceu o prémio para melhor ensaio em França, o neurocientista Michel Desmurget traça um cenário doloroso sobre os efeitos que esse consumo em excesso está a ter nos cérebros dos nossos filhos.
A história de um gigante. o Titanic..MEMÓRIAS DA HISTÓRIA..
E agora para os mais pequeninos...
Texto da semana...
Em geral, festas e entretenimentos brilhantes e ruidosos trazem sempre no seu interior um vazio ou, melhor dizendo, uma dissonância falsa, mesmo porque contradizem de modo flagrante a miséria e a pobreza da nossa existência, e o contraste realça a verdade.
Arthur Schopenhauer
VENCEDORES DO CONCURSO DE LEITURA EXPRESSIVA
No dia 11 de novembro, o Agrupamento de Escolas de Gondifelos esteve em festa com atividades das mais variadas para todos os alunos desde a Educação Pré-Escolar até ao 9º ano.
Uma das atividades propostas foi o Concurso de Leitura Expressiva. De manhã, concorreram os alunos do 1º Ciclo e de tarde, foi a vez dos alunos do 2º e 3º Ciclos.
Assistimos a momentos de leitura com muita qualidade, muita criatividade e muita expressividade.
O Júri contou com a presença da professora Isabel Gouveia, que já está aposentada, mas acedeu ao convite para participar neste momento tão significativo para nós e para ela, pois fez parte da equipa da biblioteca durante muitos anos. E a decisão final determinou os seguintes vencedores:
Resultados 1º
Ciclo
Português
1º G – Francisco Maciel, Maria Machado e Martim Sencadas
Menção Honrosa: 2º G – Sarah Nogueira, Mike Lima, Camila Lima
3ºG – Vicente Brito
Resultados 2º Ciclo
Português
Inglês
5º3 – João
Pedro Pereira
Resultados 3º
Ciclo
Português
9º 2 – Daniel
Agra
Menção
Honrosa: 9º 1: Miriam Abreu, Simão Leal
Inglês
9º1 – Luís Costa,
Nuno Silva e Nuno Cardoso
Menção
Honrosa: 7º 1: Mariana Lemos, Francisca Silva, Tiago Ferreira
9º 2: Daniel Agra, Diana Silva
Francês
9º1 – José Martim Araújo, Martim Ferreira, Mariana Araújo
O Júri:
Rosa Dias, Márcia Costa, Isabel Gouveia, Nuno Machado, Diogo
Nunes, Rafael Correia
Obrigada a todos quantos contribuíram para o sucesso desta atividade de leitura, prazer e aventura!
Muito parabéns a todos os leitores concorrentes!
sexta-feira, 11 de novembro de 2022
segunda-feira, 7 de novembro de 2022
Sugestão de cinema..A oeste nada de novo...
Momento de poesia..O Solitário..
assim sou eu entre os que nunca deixaram a sua pátria;
os dias cheios estão sobre as suas mesas
mas para mim a distância é puro sonho.
Penetra profundamente no meu rosto um mundo,
tão desabitado talvez como uma lua;
mas eles não deixam um único pensamento só,
e todas as suas palavras são habitadas.
As coisas que de longe trouxe comigo
parecem muito raras, comparadas com as suas —:
na sua vasta pátria são feras,
aqui sustém a respiração, por vergonha.
Rainer Maria Rilke, in "O Livro das Imagens"
Tradução de Maria João Costa Pereira