Queridos leitores, almas que ainda
se deixam embalar pelas veredas da palavra escrita,
Duas centúrias separam-nos, e
contudo, aqui permaneço — não em carne, mas na ténue imortalidade que a tinta
concede aos sonhadores. Nasci sob o signo da paixão e da desventura, e foi
nelas que encontrei os fios para tecer histórias que o tempo, caprichoso, não
ousou apagar.
Lembrai-vos: escrevi com o fogo do
desespero e a melancolia das horas vagarosas. De Amor de Perdição às Novelas
do Minho, cada página foi um suspiro roubado ao destino. A cegueira? Uma
vela que se apagou, mas que me fez enxergar, mais claro, os abismos da alma
humana. A cela em São Miguel de Refojos? Uma pausa forçada para ouvir o eco das
minhas próprias palavras.
Hoje, ao voltar-me para trás, vejo
que a verdadeira eternidade não está nos mármores dos túmulos, mas nos livros
que respiram nas mãos dos vivos. Que alegria saber que, dois séculos depois,
ainda conversais com as minhas personagens — aquelas criaturas de luz e sombra
que vos fazem rir, chorar e, sobretudo, sentir.
Às novas gerações, deixo um
desafio: escrevei sem medo da imperfeição. A vida é breve, a arte é
longa, e só a coragem de amar e sofrer nos torna imortais.
Com a gratidão de quem descobriu,
tarde demais, que as palavras são a única pátria sem fronteiras,
Camilo Castelo Branco
(na voz que o tempo não calou)
Produzida por IA
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