Excerto da última cronica publicada por João Ubaldo Ribeiro em finais de julho deste ano no jornal O Globo
"Ainda
é cedo para avaliar a chamada lei da palmada, mas tenho certeza de que,
protegendo as nossas crianças, ela se tornará um exemplo para o mundo. Pelo que
eu sei, se o pai der umas palmadas no filho, pode ser denunciado à polícia e
até preso. Mas, antes disso, é intimado a fazer uma consulta ou tratamento
psicológico. Se, ainda assim, persistir em seu comportamento delituoso, não só
vai preso mesmo, como a criança é entregue aos cuidados de uma instituição que
cuidará dela exemplarmente, livre de um pai cruel e de uma mãe cúmplice. Pai na
cadeia e mãe proibida de vê-la, educada por profissionais especializados e
dedicados, a criança crescerá para tornar-se um cidadão modelo. E a lei
certamente se aperfeiçoará com a prática, tornando-se mais abrangente. Para
citar uma circunstância em que o aperfeiçoamento é indispensável, lembremos que
a tortura física, seja lá em que hedionda forma — chinelada, cascudo, beliscão,
puxão de orelha, quiçá um piparote —, muitas vezes não é tão séria quanto a
tortura psicológica. Que terríveis sensações não terá a criança, ao ver o pai
de cara amarrada ou irritado? E os pais discutindo e até brigando? O egoísmo
dos pais, prejudicando a criança dessa maneira desumana, tem que ser coibido,
nada de aborrecimentos ou brigas em casa, a criança não tem nada a ver com os
problemas dos adultos, polícia neles."
http://oglobo.globo.com/opiniao/o-correto-uso-do-papel-higienico-13297732
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