quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Momento de poesia...Não vás tão docilmente

 












Não vás tão docilmente

Não vás tão docilmente nessa noite linda;

Que a velhice arda e brade ao término do dia;

Clama, clama contra o apagar da luz que finda.


Embora o sábio entenda que a treva é bem-vinda

Quando a palavra já perdeu toda a magia,

Não vai tão docilmente nessa noite linda.


O justo, à última onda, ao entrever, ainda,

Seus débeis dons dançando ao verde da baía,

Clama, clama contra o apagar da luz que finda.


O louco que, a sorrir, sofreia o sol e brinda,

Sem saber que o feriu com a sua ousadia,

Não vai tão docilmente nessa noite linda.


O grave, quase cego, ao vislumbrar o fim da

Aurora astral que o seu olhar incendiaria,

Clama, clama contra o apagar da luz que finda.


Assim, meu pai, do alto que nos deslinda

Me abençoa ou maldiz. Rogo-te todavia:

Não vás tão docilmente nessa noite linda.

Clama, clama contra o apagar da luz que finda.

Dylan Thomas





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